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No meu tempo é que era...



Aqui pensando nas voltas que o mundo dá. Já completei setenta e uma voltas ao redor do sol, muitas outras voltas junto com o planeta em dias de sol, dias de chuva, nas quatro estações do ano. Quando penso nesses anos todos sempre lembro de Neruda e seu maravilhoso livro CONFESSO QUE VIVI. Penso que eu também vivi, e ainda vivo, recusando as palavras que ouvi dos mais velhos - No meu tempo... este é o meu tempo, enquanto estiver viva. Este é o tempo de cada ser vivo, jovem ou velho, de todas as cores, de todos os padrões, de todas as opções políticas. Hoje é o dia mais importante da vida, porque ontem passou e amanhã, quando chegar, já será hoje. Por isto vivo cada dia de sol ou de chuva. Vivo quando agito e quando repouso. Nada determina como devo viver, a não ser o respeito por mim mesma e por tudo e todos os que dividem comigo o privilégio de estar no planeta terra. Há muito tempo salvei o texto que segue, quando preparava uma oficina para pessoas aposentadas recentemente ou em vias de aposentarem-se. Mas viver o presente não significa ignorar o passado, que é nossa preciosa história de vida. Por isto convido você a fazer esta pequena reflexão sobre o que a gente tem feito das lembranças que guardamos na memória e no coração; as fantasias que tínhamos criado para os nossos dias...
Vale pensar o que temos feito das recordações, das paixões, dos amores que vivemos até hoje. O que temos feito dos sorrisos que ganhamos gratuitamente? De todas aquelas boas emoções e sentimentos que temos recebido de quem menos esperamos? O que temos feito, dia após dia, das coisas novas que descobrimos pelo caminho? O que temos feito das alegrias, das amizades que cultivamos até aqui, dos caminhos que percorremos para chegar onde estamos hoje? 
         O que temos feito das histórias que vivemos até agora? Das tristezas, das lágrimas e perdas? Da dor, do esquecimento e da saudade que vem sem culpa e sem pedir licença? Das conquistas, das vitórias, das realizações?


O que temos feito de nossas experiências de vida, das emoções que temos experimentado?


Junta tudo isso e reconta tua história do teu jeito. Refaz a caminhada com os olhos de quem experimentou a vida e aprendeu com ela. Apropria-te dessa história como quem se apropria de um tesouro. Ele é o teu maior tesouro – tua identidade.

“Aos setenta e três aprendi um pouco a respeito
da verdadeira estrutura da natureza dos animais,
das plantas, dos pássaros, peixes e insetos.
Consequentemente, quando eu tiver oitenta anos,
terei progredido mais;
aos noventa, desvendarei os mistérios das coisas;
aos cem, terei atingido um estágio maravilhoso;
e aos cento e dez, tudo o que eu fizer,
seja um ponto ou um traço, será vivo.
De um velho, louco pelo desenho.”
Owakio Rojim


Afinal, o negócio não é só chegar a 100: é viver bem!
              (Adaptado por Jane Maria Godoy B. de artigo publicado na revista Saúde e Comportamento)


Vida ativa
Aposente-se, mas nunca pare de trabalhar!
Pesquisas que comparam trabalhadores e aposentados da mesma idade mostram: quem parou está envelhecendo mais rápido.

Escolha um hobby e seja bom nele
Pesquise, faça e refaça, invente. Ocupar a mente em coisas das quais a gente gosta é a maneira mais inteligente e eficaz para manter-se afastado de problemas comuns do envelhecimento.
A poltrona é tentadora, fique esperto. Trabalhar não significa escritório, fábrica, stress nem horários rígidos.
Ache um hobby, um curso, um compromisso regular.
                          E, não! Assistir TV não conta como hobby!

Saúde
Mulher: o negócio é imitar
Elas vão mais ao médico, comem  melhor, fumam menos, envolvem-se em menos acidentes e, assim, vivem mais. Então homens, deixem de frescura: imitem as mulheres. O Super Homem e a Mulher Maravilha só existem nos filmes.
Um exemplo: passar fio dental faz bem para o coração. O que uma coisa tem a ver com a outra? Acompanhe o raciocínio: se você não passar fio dental, vai acumular placa bacteriana, que vai causar gengivite, que vai provocar a liberação de substâncias conhecidas como químicos da inflamação, que são os vilões por trás de várias doenças cardíacas. Mas se isso não for argumento suficiente pra você… poxa, gengiva inflamada, dentes em falta e mau hálito não ajudam ninguém na terceira idade.

Otimismo
Seja otimista, mas não exagere. Pessoas otimistas demais tendem a subestimar riscos; um traço de personalidade que pode levar de ultrapassagens ousadas e a longas ausências no médico. Com um pé atrás, você vai mais longe.

Desconfie da genética
“Meu avô viveu 90 anos, não preciso me preocupar.” Precisa. Uma nova pesquisa concluiu que apenas 25% da duração da nossa vida podem ser atribuídos à herança genética; os outros 75% dependem de você. Se quiser chegar aos 90 como o seu avô, descubra como ele fez para chegar lá. E cuide de sua saúde - Você vai continuar sendo considerado chato pela maioria dos amigos, mas pesquisas apontam que quem desconfia mais da própria saúde vive mais. É melhor prevenir do que remediar.

Alimentação
Relaxe – você merece curtir as coisas boas da vida. Trate-se bem! Coma de preferência alimentos com baixo teor de gorduras, frutas, comida caseira e use seu bom senso pra sair da “dieta”. A redução das atividades corriqueiras e as alterações do sistema hormonal que acompanham o envelhecimento são responsáveis pelo aumento de peso natural na maioria dos mais velhos. Controlando, sem exagero, a quantidade e a qualidade de sua alimentação você só tem a ganhar. Beba! E não precisa ser tacinha de vinho. Quando o assunto é álcool e longevidade, só se fala em vinho tinto. Preconceito: vinho branco, cerveja, uísque e outros fermentados e destilados também podem fazer bem. Há um índice menor de doenças cardiovasculares, relacionado ao consumo diário de até duas doses – e de apenas uma para mulheres (ponto para os homens). Mas atenção: a ALFA e o Ministério da Saúde advertem: beba com moderação. Passou de duas doses, já vira problema. E não beba antes de dirigir!


Exercitando o cérebro
Atividades que exercitam seu cérebro mantêm sua inteligência e prolongam sua lucidez. Opções não faltam: palavras cruzadas, xadrez, videogame, sudoku, qual-é-a-música. Detalhe: assim que estiver craque, troque de treino – seus neurônios só mantêm o frescor enfrentando novos desafios.

Conviver
Quanto mais velhos, menos saímos de casa. Lute contra isso: a ciência garante que conviver com outros é o gatilho de benefícios físicos e mentais que prolongam a vida.
Valorize os momentos de alegria em família, entre amigos, lendo um bom livro, rindo do lado engraçado da vida.

Tenha amigos
Chame de amigos, parceiros, turma, como quiser. Faça reuniões em casa, no bar da esquina ou na beira da praia. Amigos lindos, alegres, chatos, jovens, velhos – não importa. Amigos são um bálsamo em todas as horas. Riam juntos; chorem juntos; criem juntos; brindem à vida!

Conecte-se com os jovens
É o seguinte: possuir uma conexão com alguém mais jovem que você (filho, enteado, sobrinho, neto) é algo que te mantém interessado pelo mundo à sua volta – e mais a fim de continuar vivendo nele. E, sim, cachorro, gato e papagaio também contam: além de manter você conectado, curtir um animal de estimação libera ocitocina, o hormônio benéfico liberado na convivência entre pais e filhos.

Pesquisas comprovam: quem comparece à missa, culto, centro espírita, sinagoga, terreiro etc., em geral vive mais. Dilema: religiosos vivem mais porque rezam ou rezam porque vivem mais? Os dados não permitem concluir se a saúde dos velhos é beneficiada pela experiência ou se, na verdade, quem tem disposição para ritos religiosos são justamente os mais saudáveis.
Moral da história: na dúvida, tenha fé em alguma coisa – nem que seja em bruxas.

Incomode-se, mas só com o que é fundamental
Mágoa, rancor, ressentimento: se ao ler essa lista você já recorda de vários exemplos pessoais, calma. Não é por aí. Se cultivados, esses sentimentos descambam na produção de cortisol, um hormônio que ataca seu coração, metabolismo e sistema imunológico e principalmente seu bom humor. Diversos estudos relacionam uma alta taxa de cortisol a uma morte precoce. Portanto, aprenda a perdoar, relevar, deixar pra lá. Como dizia o guru indiano Meher Baba: Don’t worry, be happy – (pois é, também achava que vinha daquela música). Ou em outras palavras – se você tem um problema e se preocupa com ele, não tem “um” tem “dois”. Pare de se preocupar e resolva, ou esqueça se não tiver solução! E DIVIRTA-SE!

Criatividade
Criar é uma das mais ricas habilidades do ser humano e não tem limite de idade. Pinte, borde, desenhe, dance, cante! A arte é uma necessidade do ser humano desde que é possível lembrar.
Qualquer manifestação artística envolve um processo complexo, onde quem cria reúne diversos elementos de sua experiência, gerando um conjunto próprio, um novo sistema, reflexo de suas experiências, emoções e desejos. A este respeito, Moore (1998) opina que:

“Toda arte tem poder mágico e este pode ser infundido numa obra pelo artista e apreciado pelo observador. A arte pode ser apenas esteticamente agradável, filosoficamente significativa e pessoalmente expressiva, ou pode ter o poder especial de evocar e transmitir um espírito particular àqueles que entram em contato com ela. Muitas tradições ensinam que nossas vidas poderiam ser enriquecidas, animadas espiritualmente e até mesmo curadas, através do poder mágico da arte”.



Não há limites para criar. Todos somos criativos.
“El poder creativo es el privilegio de todas las mentes. Tus propios esfuerzos, guiados por tu aspiración, constituyen la trama y la urdimbre de tu destino.”  Swami Sivananda





                                                        BOA VIDA NOVA! ABRAÇOS

                                                                                          Jane 

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