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Mostrando postagens com o rótulo Livro de artista

Deixando voar uma borboleta

Criar um livro que não lê mas vê.       Sempre que inicio um livro de artista começo questionando esse termo. Na minha concepção de desse tipo de obra, o termo adequado seria LIVRARTE. Livre, livro, livrar, voar na arte. Este pequeno "livrarte" surgiu da ideia de voo. Não um voo qualquer, mas aquele voo que sonha. Aquele voo que um dia acontece, mesmo que seja numa outra forma. Quem mais representa isto do que uma borboleta, o símbolo da renovação, ou do renascimento? Livre para escolher a forma, veio a angústia de formatar leveza e liberdade atreladas a um livro. Encontrei do formato pop up a solução apropriada para voar. Foi um voo incerto, tímido, ainda preso a um fita, mas voei com a persistência do "gusano" dessa lenda belíssima que compartilho com vocês.    "LA FUERZA DE LOS SUEÑOS"      Había una vez un gusano que se había enamorado de una flor.  Era por supuesto, un amor imposible, pero el animalito no quería seducirla   ni ...

Livro do fogo

 Mais um pouco de livro de artista, dessa vez um mini livro ou o livro dentro da caixa de fósforos.      A graça de criar livros está nas múltiplas formas que podemos explorar. Podem ser muito grandes ou mini livros, coloridos ou P/B, em forma de origami, em forma de caderno. Hoje quero mostrar um mini livro que representou um  desafio e, com tanto fogo por aí, não tinha como não lembrar desse. Um desafio, proposto para uma exposição de mini arte, desencadeou a ideia de tema. O DESAFIO: arte numa caixa de fósforo. O TEMA surgiu sem muito esforço: FOGO.     Fogo, calor, expansão, tudo dentro de uma caixinha de fósforo pequena.                                 Imagem esquerda: a caixa fechada. Imagem direita, o fogo se expande... Escolher cores foi a parte fácil; cores quentes. Escolher formato foi um pouco mais complicado. O FOGO, elemento inquieto, sem forma definida, s...

ILUSTRANDO FÁBULAS

        Sempre quis experimentar a arte da ilustração. Em 2009 surgiu o desafio de escolher uma fábula e criar um livro ilustrado. As experiências com livros de artista foram preciosas para encarar a  tarefa. Escolher uma fábula é missão que envolve um pouco de objetividade e muito de emoção. Algumas fábulas nos tocam menos do que outras e, no meu caso, não demorou muito para que uma delas atingisse o alvo: La Fontaine criou um primor envolvendo crítica social e conhecimento popular na fábula QUEM PÕE O GUIZO NO GATO?          Compor as imagens foi uma tarefa em técnica mista aquarelas, fotos e imagens digitais. Primeiro passo; identificar imagens compatíveis com o caráter das  personagens, o gato, a comunidades de ratos e seu líder e o velho mais experiente  e sagaz do grupo. Desenhar, refazer, ordenar as imagens, penetrar no espírito do conto. Etapa demorada e intensa mas extremamente gratificante.    ...

O livro do M'boitatá

    Seguindo minha trajetória por livros de artista, apresento minha primeira versão de uma lenda quase universal que, em muitos povos antigos surgiu, provavelmente,  como explicação de um fenômeno natural o FOGO FÁTUO. Nas crenças indígenas brasileiras, ele aparece como M'boi tatá - A Cobra de Fogo. A palavra M'b oitatá , na língua Tupi-Guarani, significa cobra ( boi ) de fogo ( tata ). "O M'boitatá ou Boitatá  A lenda do Boitatá sofreu muitas modificações ao longo do tempo, e portanto, reúne diversas versões. Assim, dependendo da região do Brasil, o nome do personagem pode variar: Baitatá, Biatatá, Bitatá e Batatão. Numa das versões da lenda, uma grande cobra vivia adormecida num imenso tronco e ao despertar faminta, resolveu comer os olhos dos animais. Cada vez mais ela foi emitindo uma grande e intensa luz, tornando-se uma cobra de fogo. Ao proteger a floresta, ela assusta as pessoas que vão às matas durante à noite. No norte e nordeste do Brasil, a imensa c...

Livro popup

Hoje quero falar sobre um tipo de livro que é anterior à ideia de Livro de Artista. É o pop up, livro que explora a terceira dimensão de forma extremamente criativa porque envolve mais do que a criação de imagens tridimensionais. Para despertar a tridimensionalidade é necessário que o leitor participe. Lembro de quando eu era criança e esses livros me fascinavam justamente por essas movimentações que eu podia manipular com um simples abrir e fechar da página. Muitos artistas contemporâneos desenvolvem esta ideia em seus livros atingindo uma sofisticação inacreditável. A imagem abaixo mostra uma página de livro que conta de maneira lúdica, um clássico da literatura. Para saber mais, clique no link abaixo da foto.  https://alphamom.com/family-fun/holidays/classic-books-gone-pop-up/ Minha aventura com livros popup começou como brincadeira, durante um curso intensivo de criação de livros. Foi uma experiência intensa e, por ser um curso rápido, precisei atropelar meu ritmo de traba...

Luz e escuridão

         Mais um passo da minha trajetória pelo Livro de Artista, resultado de uma das mais instigantes experiências com tecnologias contemporâneas - Cópias lazer. Na oficina de infografias, sob orientação da professora Mara Caruso, do Ateliê Livre de Porto Alegre (Centro Municipal de Cultura), Tive meu primeiro contato com imagens heliográficas de alta resolução. Com um excelente equipamento lazer, em P&B fazíamos pesquisas de imagens que variavam de cópias simples, direto de imagens impressas a cópias do objeto 3D. Tínhamos o equipamento a nossa disposição para cópias A4 e A3, com ou sem ampliações. Recebido o treinamento inicial, operávamos a máquina em todas as formas possíveis.           Nessa época eu era fascinada por objetos e ambientes marinhos. Após muitas imagens de conchas e caracóis eu queria mais. A ideia era colocar esses objetos em seu ambiente natural, a água. Depois de testar a possibilidade de usar embalagem transp...

O Livro Azul

Veio da Espanha uma convocatória para participação em exposição coletiva com o tema "Livro Azul". Um tema proposto é uma provocação profunda na criatividade porque nos desloca, aparentemente, de nosso tema natural. Demorei tanto para desenvolver a ideia que perdi o prazo de envio. A experiência foi valiosa em todos os sentidos. Descobri que um tema dado não anula um tema que povoa nossa mente. Testei meu próprio ritmo de criação e o processo que conduz essa criação ao resultado final. Apesar da lentidão, trilhei um caminho diferente na criação de imagens - a colagem, técnica com a qual eu não tinha intimidade. O resultado não chegou a satisfazer-me plenamente mas o processo abriu novos caminhos e provocou mudanças importantes no  meu jeito de encarar desafios. Concluí o Livro Azul em formato sanfona, unindo harmonicamente o tema proposto com meu tema íntimo, o universo. Este foi o resultado.                      ...

Transparências

No processo de criação de Livros de Artista, há infinitos caminhos a trilhar. No meu caso, não tenho um plano prévio. Deixo que as ideias surjam e dou liberdade ao acaso. Muitas vezes, o simples ato de revirar materiais guardados, aqueles que largamos numa caixa para ver mais tarde, pode despertar ideias novas. Tenho o hábito de recolher folhas, flores, cascas de árvores, pequenos tesouros encontrado pelo caminho. Escolho pelas cores, formas, textura,  estranheza ou por curiosidade. Guardo tudo numa caixa de sapatos. Cada vez que abro a caixa para examinar meus guardados, alguma ideia nasce. Este livro, Transparências, nasceu de uma dessas incursões de gaveta, digo, de caixas. Eram tantas as formas e cores a revelar que a ideia surgiu como uma brainstorm. É um pequeno livro, cujas páginas contem muitas formas de folhas, pena de pássaro, asas de borboletas e outras memórias de minhas andanças. A experiência foi enriquecedora, abrindo novas possibilidades na criação de livros de arti...

Um jeito diferente de contar histórias

“Os contadores de histórias das florestas falam de dois tipos de fome. Dizem que há a fome física e também a Grande Fome. Esta é a fome por sentido. Existe apenas uma coisa insuportável: uma vida sem sentido. Não há nada errado com a busca pela felicidade. Mas existe algo grande, o sentido, que é capaz de transformar tudo. Quando você tem sentido, você é feliz, você pertence.” ( Sir Laurens van der Post , no documentário Hasten Slowly         Conto histórias pra saciar a GRANDE FOME! Fome de sentido, fome de saber, fome de encontrar outros mundos e descobrir suas belezas. Conto histórias de um jeito diferente: usando imagens, palavras, dobras e tudo que faz sentido pra mim. A linguagem múltipla cabe num livro, um livro de artista. Não sei se este é o nome mais adequado, mas é o convencional. Para os teóricos da arte, um livro arte pode ser colocado em categorias e eles estão certos. Para mim, inquieta e curiosa, todos tem uma qualidade comum - são expressõ...