"Quantas vezes, já deitado,
Mas sem sono, ainda acordado,
Me ponho a considerar
Que condão eu pediria,
Se uma fada, um belo dia,
Me quisesse a mim fadar...
O que seria? Um tesouro?
Um reino? Um vestido de outro?
Ou um leito de marfim?
Ou um palácio encantado,
Com seu lago prateado
E com pavões no jardim?"
Antero de Quental
Mas sem sono, ainda acordado,
Me ponho a considerar
Que condão eu pediria,
Se uma fada, um belo dia,
Me quisesse a mim fadar...
O que seria? Um tesouro?
Um reino? Um vestido de outro?
Ou um leito de marfim?
Ou um palácio encantado,
Com seu lago prateado
E com pavões no jardim?"
Antero de Quental
Vivemos tempos de incertezas em que o medo parece ser a palavra de ordem. Medo das guerras, medo das crises econômicas, medo da insegurança, medo dos virus. No fundo, acredito que o pior de todos os medos, é o da impotência. A pressão geral nos paraliza e o pior, impede-nos de sonhar. É urgente quebrar este círculo vicioso. Nenhum momento da história humana foi isento de incertezas, ou de guerras, ou de virus. Em algum lugar do planeta alguma coisa ruim acontecia e ainda acontece. A diferença é que, agora, tomamos connhecimento imediato de tudo o que acontece em qualquer parte do mundo onde haja habitantes. E de preferência, as notícias tratam de estimular o lado mórbido da sociedade. Como escapar dessa armadilha, sem alienar-se por completo? Como quebrar a inércia a que nos condiciona este jogo intimidatório? Creio que um primeiro passo é parar de olhar apenas para o mundo externo e voltar nossa atenção para o que está dentro de nós. Quem somos? Que potencial nos diferencia? Que poder está dentro de mim do qual eu posso servir-me para viver melhor?
O passo seguinte é ter consciência de que cada indivíduo que se afirma como uma pessoa melhor é um fator de contágio para muitos que o cercam; é um multiplicador de forças positivas. Sem a pretensão de transformar o mundo, podemos fazer a diferença em uma parcela do nosso mundo. Então será possível voltar a sonhar, não para que nosso sonho nos afaste da realidade, mas para nos impulsione na direção de algum caminho. Antero de Quental, neste delicioso trecho de poema, faz a pergunta - "Que condão eu pediria?". Fiz, a mim mesma, a pergunta e estou buscando a resposta, mas já sei que não há uma resposta única e que algumas das respostas passam por acreditar em gestos de carinho, na beleza de uma flor, na calma da paisagem, num sorriso de gratidão, num beijo, num abraço acolhedor e na força das artes. Desejo a todos um final de semana cheio de energia transformadora. Abraços!
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