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Viver é estar em constante transformação

           Enquanto vivenciamos um processo de transformação intensa, nossa mente sensível fica ao mesmo tempo exposta a interferências, nem sempre claras, e bloqueada em seu caminho criativo. É como se um poderoso instinto de preservação criasse um sistema protetor que garante ao ser fragilizado uma chance de reconstruir o todo a partir do fragmentado, e de redirecionar caminhos. Quando nos deparamos com questões sociais de instabilidade de toda ordem torna-se ainda mais difícil a retomada pessoal, é o momento de parar e deixar que a serenidade penetre mais profundamente no espírito. Somente um espírito apaziguado é capaz de buscar soluções ou de encontrar alternativas quando nos deparamos com um fato consumado. 
               A vida é um eterno movimento e neste processo defrontamo-nos com dias de sol e dias sombrios; com noites iluminadas pela lua cheia e noites de escuridão impenetrável. A intuição, a ousadia, o medo e a coragem são as armas com que, não apenas nos defendemos, mas enfrentamos os obstáculos e avançamos a cada vitória. Com a intuição pressentimos possibilidades e impossibilidades. Com a ousadia vamos em frente encarando qualquer caminho. O medo alivia o andar e apressa o passo enquanto aguça os sentidos. A coragem acelera o coração e cria o movimento da vida em sua plenitude. Junto a essas forças, uma força esquecida demais nos tempos que estamos vivendo, a bondade, abranda a ira e oferece a mão. 
                  A arte, como a vida, é um processo que exige movimentos constantes de renovação. Criar implica em renovar. Renovar, esta palavra que diz muito mais do que imaginamos à primeira vista. Tornar novo outra vez, renovar, vestir com outras roupas o que já foi inventado. Ser original não significa criar algo que não existe. ser original é dar uma nova forma ao que está aí. É juntar pedaços do que já foi um todo e dar um outro formato; é pintar com outras cores o que descoloriu com o passar do tempo; é descobrir o que está aí, a nossa espera, tomar nas mãos e modelar uma nova realidade. Criar é um pouco brincar de Deus, só que não criamos a partir do nada, criamos a partir do que está aí, com as ferramentas que estão a nossa disposição nesta época, neste meio. A cada passo, criando nos recriamos. Dando forma nova ao que nos envolve, nos formatamos ao mesmo tempo. Talvez por isto, criar seja um ato sofrido que nem sempre tem como resultado um formato melhor. Então é preciso retomar a caminhada, refazer os planos, repensar cada passo, avaliar os resultados e continuar. Mas eu estava falando da arte ou da vida?
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