MONOTIPIA – UMA TÉCNICA HÍBRIDA
Jane Maria Godoy B. – 2013
Artificis Atelier - Porto Alegre
Tradicionalmente monotipia é uma técnica de
impressão (tipia) única (mono) realizada a partir de um desenho
realizado sobre tinta de impressão colocada sobre uma placa de vidro, cerâmica
ou metal. No séc. XVII, Giovani Benedetto Castiglione (1616-1670) deu origem às
primeiras manifestações da monotipia como expressão de arte. Degas, pintor,
gravurista, escultor e fotógrafo francês, (1834-1917) produziu uma série
significativa de monotipias.
Meu primeiro contato com a técnica
aconteceu por acaso na época em que fazia xilogravura no Atelier Livre de Porto
Alegre, com a, então professora, Conceição Menegassi. Num gesto de curiosidade
espontâneo, risquei diretamente a placa de vidro onde havia espalhado a tinta
preta. O resultado ficou tão interessante que coloquei o papel sobre a placa e
assim, quase sem querer, descobri a “monotipia”. A partir desta experiência,
muitas outras se sucederam, permitindo a descoberta da riqueza gestual deste
processo que, segundo Luise Weis (UNICAMP), constitui-se num processo híbrido
entre a pintura, o desenho e a gravura. Da pintura herdou a mancha, do desenho,
o traço e da gravura, a inversão da imagem.
Embora a impressão única seja
característica deste processo, em alguns casos, é possível repetir-se a imagem
que ficará cada vez mais suave até que nada mais apareça. De todo modo,
repete-se a imagem, mas com resultado ligeiramente diverso a cada nova
impressão.
Com a multiplicação dos materiais plásticos,
tais como novos tipos de tintas e papéis e a liberdade expressiva
contemporânea, as possibilidades da monotipia como técnica de impressão única
multiplicaram-se. Imprime-se com tinta acrílica, guache, aquarela, sobre superfícies
diversas inclusive tridimensionais.
Ao imprimir sua mão sobre as paredes de
uma caverna, o homem primitivo marcou sua passagem pela vida com uma primeira
manifestação de monotipia. Aí teve início uma aventura gráfica que permanece
como parte da história humana gravada, congelada num gesto, num registro de uma
idéia ou de uma emoção. É um momento único, particular, registrado numa superfície.
BIBLIOGRAFIA
WEISS, Luise: Monotipias, algumas
considerações (artigo): novembro de 2003. São Paulo
IMAGENS
Monotipias de Jane Maria Godoy B. –
1998
Tinta gráfica sobre papel
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Manchas coloridas complementadas por grafite |
Gestos e cores complementados pelo grafite. |
Manchas, traços e cores |
Somando objetos - impressão e grafite |
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