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A estética indígena no meu desenho;
trabalho desenvolvido até 2004.
Jane Maria Godoy B.

Pouco tenho mostrado da minha produção pessoal em desenho e outras técnicas artísticas. Por isso decidi mostrar algumas fases dessa produção. Espero suas críticas e sugestões. Obrigada!

Em quase vinte anos de atividades ligadas à arte, pesquisando, produzindo, ensinando e participando de projetos coletivos, uma de minhas metas mais importantes tem sido dividir minhas descobertas e resultados com muitas pessoas. Acredito que a arte, com seus processos e instrumentos vai muito além dos museus, galerias e espaços palacianos, sendo parte da cultura e identidade dos povos.  Considero-me simplesmente instrumento da arte mais do que uma artista propriamente dita.
Minha relação com o tema indígena começou pela paixão pela natureza. Em algum momento, meu olhar encontrou a figura, quase passado, da aldeia indígena. Desde então tenho acumulado descobertas cada vez mais fascinantes sobre estes povos, seus hábitos, sua arte, sua vida, seu passado. Registrei os resultados de minhas experimentações num conjunto de obras cuja característica mais marcante é a aplicação do desenho em superfícies diferenciadas, abrangendo do papel tradicional à cerâmica, ora sobre áreas planas, ora sobre objetos tridimensionais, num primeiro exercício com livro de artista.

Livro objeto, colagem, desenho sobre molduras mdf


Buscando o passado encontrei o presente. Rostos sérios, inquiridores, indecifráveis. Suspeito de que mais do que mágoas e incertezas é a seriedade de quem conhece a natureza da vida ou a vida da natureza e por elas teme. Eles, que como ninguém, co-habitaram a terra em perfeito equilíbrio, mostram que as emoções mais intensas são segredos entre cada um e seu meio. Este olhar que encontrei nas muitas fotos e reportagens pesquisadas causou-me um profundo impacto. Buscava sinais externos - grafismos, objetos daquelas culturas sobreviventes. Os sobreviventes mostravam que havia muito mais. Por impossibilidade prática de contato direto com as culturas remanescentes, baseei minha pesquisa em material bibliográfico, buscando todos os olhares possíveis. Assumi, então, a missão de mostrar tanto quanto seja capaz, através de meu “olhar civilizado”, a beleza, a cultura, o conhecimento, as formas que fazem parte destas culturas, utilizando minha linguagem favorita, o desenho.  A linguagem figurativa se impôs como elemento, base das intenções e estas, ao longo do tempo, foram transformando-se, e ampliando-se, enriquecidas pelas descobertas quase diárias. As imagens a seguir mostram um pouco do que produzi ao longo de 4 anos.

colagem e desenho sobre base eucatex.

Aquarela sobre papel arches, formato A2




Aquarela sobre papel arches, formato A2

Imagem digital sobre o mito indígena (guarani) M'boitatá - A cobra de Fogo, uma explicação mágica do fenômeno do fogo fátuo.

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